A cada passo nos vemos mais complexos e envolvidos em múltiplas redes de conexões imagéticas, iconizadas. Somos simultaneamente respostas/escolhas/questões dentro de processos que, na maioria das vezes, não percebemos quanto envolvidos estamos. A Mostra "Revelando Batatuba" acontecida recentemente num local onde não há acesso à telefonia celular, um lugar "parado" no tempo há pelo menos 36 anos devido a um processo de massa falida e que, no entanto, fora projetado para ser sede de uma das maiores multinacionais - indústria calçadista do século passado, essa Mostra revelou outros lugares para os quais nossas memórias estão se estendendo e se apropriando significativamente, são eles as tecnologias de informação e comunicação, mais apropriadamente as redes sociais. Não podemos, então, considerar essa Mostra como um evento pontual dentro de algum calendário de alguma instituição, apesar de estar alocado e contar com a parceria do CRAS - Centro de Referência da Assistência Social/ Prefeitura Municipal de Piracaia - SP, antes, a Mostra é aquele momento de um movimento e de uma manifestação da pesquisa colaborativa que vem acontecendo e se estruturando há alguns meses e conta com a parceria da Cidade do Conhecimento CTR/ECA/USP que, por sua vez, também está em conexões com outros, dentre eles: Museu da Pessoa e a Warwick University.
O que a "Mostra" nos mostrou?
Antes:
a) o envolvimento da comunidade por meio do CRAS na busca de elementos que compusessem o tal tecido narrativo: fotos, lugares, pessoas, links; onde, como e porque guardar estes elementos; ações como: trilhas e saraus.
b) a apropriação dos dispositivos capazes de responder as demandas desta "revelação", ou seja, ferramentas livres e disponíveis na web:
c) a memória representadas nas falas de pelo menos 30 pessoas que contaram suas aventuras e desventuras por Batatuba suas relações com o Sr. Jan Antoín Bat'a e a fábrica de sapatos até a falência e da situação que hoje se encontra esta vila operária que, apesar dos pesares, continua sendo "o paraíso" o "lugar que não se troca por nenhum outro" "o lugar onde nasci, cresci e pretendo morrer".
Durante: que a partir de narrativas singulares surgiam os pontos comuns, a intersecção de falas, de lembranças e assim a composição da memória coletiva e nesta o reconhecimento de si, do outro, do lugar, do pertencimento a um quadro histórico conectado com outros.
Após:
a) que é necessário manter e desenvolver ainda mais as ações: Sarau do Bata e Sta trilha
b) que o Cine Batatuba deve voltar em forma de cineclube
c) que decisões sobre o tombamento e ponto de memória são duas pautas alinhadas a demanda deste lugar e que devem ser articuladas de maneira também colaborativa.