quinta-feira, 29 de agosto de 2013

sobre a leitura de hoje e entendendo "lugares de memória" em Paul Ricoeur

Esta é a segunda parte do cap. "da memória e da reminiscência" do livro que estou lendo "A memória, a história, o esquecimento.
Vou percorrendo a escrita de Paul Ricoeur como uma curiosa que segue alguém sem medo onde esses passos me levarão. Este é o terceiro livro deste autor que me escolhe - como poderia eu, escolhe-lo se não o conhecia, se sequer saber da sua existência...
O acontecimento desta leitura hoje trouxe risos, choro e, com os olhos limpos, clareando caminho que está sendo trilhado. Algumas leituras são lanternas no escurecer do conhecimento.
Realmente é de assustar e desencorajar pensar no termo memória - sendo ele tão polissêmico. Relacionamos-o, então ao tempo que tudo consome e desfaz (Kronos)
3 modos mnemônicos (Casey)
Lembranças são privilégios de certos acontecimentos que não se repetem, são singulares e os lembretes são indicadores que visam proteger contra o esquecimento (desde a foto ao post it)
Os registros conferem materialidade aos rastros conservados e são reanimados e enriquecidos por outros registros. No entanto há o prosear (ação da lembrança) quando dizemos: Você se lembra... Quando nós... E aquele dia... Como era mesmo...
Reconhecemos as lembranças e, neste fenômeno, a "coisa" reconhecida é duplamente outra: como ausente (diferente da presença) e como anterior (diferente do presente). 
"É nisso que a lembrança é re-(a)presentação, no duplo sentido do re-: para trás e de novo. Esse pequeno milagre é, ao mesmo tempo, uma grande cilada para a análise fenomenológica, na medida em que essa re-(a)presentação corre o risco de se encerrar de novo a reflexão na muralha invisível da representação supostamente encerrada em nossa cabeça, in the 'Mind.'" (p.56)

A travessia mnemônica implica corpo, espaço e horizonte de mundo. A memória corporal contém o corpo habitual (hábitos) e corpo dos acontecimentos (incidentes precisos, relembranças, traumas, prazeres...).
"O momento da recordação é então o do reconhecimento. Esse momento, por sua vez, pode percorrer todos os graus da rememoração tácita à memória declarativa, mais uma vez pronta para a narração. 
A transição da memória corporal para a memória dos lugares é assegurada por atos importantes como orientar-se, deslocar-se, e, acima de tudo, habitar." (p.57)
As coisas lembradas aconteceram em lugares e estes funcionam como reminders, porquanto não são indiferentes às "coisas" que os preenchem. Oferecem-se como apoio contra o esquecimento. Enquanto os lugares são inscrições, as lembranças transmitidas pela voz voam. O vínculo entre lugares e lembranças ars memoriae permite estabelecer, segundo Paul Ricoeur um método dos loci (lugar).
Assim teremos o encontro entre a memória da história e geografia.
O ato de habitar constitui uma forte ligação humana entre a data e o lugar.
"Em resumo, os lugares de memória seriam os guardiões da memória pessoal e coletiva se não permanecessem 'em seu lugar', no duplo sentido do lugar e do sítio?" (p.60,61)

... ainda não sei... 
Estou em busca deste lugar de memória, das vozes que o revela e que provêm destes corpos (hábito/acontecimento) 

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