sábado, 25 de agosto de 2012

São Gonçalo

São Gonçalo...

Segundo Tânia, festeira de São Gonçalo e também congadeira, a história de São Gonçalo se deu pelo fato dele não conseguir evangelizar conforme os costumes, então tomou de sua viola e passou a "cantar o evangelho" e assim a evangelização acontecia facilmente e em meio as festas. Porém um festeiro hoje me contou que São Gonçalo era um rapaz que resolveu apartar uma briga entre dois outros rapazes e disse que era muito melhor dançar, cantar, bater palmas e os pés do que brigar... e assim sempre que havia uma briga, apartavam os encrenqueiros dessa maneira. São Gonçalo se tornou santo e faz muitos milagres, principalmente os relacionados à saúde das pernas... Após a concessão da graça o devoto oferece uma festa a este Santo como prova de se reconhecimento. A festa envolve o famoso "fogadão" comida feita de carne de vaca, arroz, batata e feijão, feitos em larga escala, uma vez que a festa é aberta e participa quem bem desejar. Os altares são compostos no dia anterior e, geralmente, é composto pelas imagens, além da de São Gonçalo, Nossa Senhora, Santo Antônio e São Benedito. Participar desta festa hoje me colocou em contato com um universo diferente para mim, muito vivo e rico me leva a questão da narrativa religiosa engendrada e, na maioria da vezes, fundante de esquemas sociais imperativos na demanda cotidiana. Para além do calendário de festas religiosas estão estas festas que o rompem, colocando na "ordem do dia" um chamamento, reivindicando a atenção de uma comunidade para o atendimento de pedido, uma graça recebida, um milagre. Um dos altares hoje era também do violeiro "Lourencinho" que estava internado e lhe faltava o ar, clamando como ele mesmo disse, primeiro a Deus, questionou se a Nossa Senhora iria esquecer dele e São Gonçalo... pediu com muita fé e quando abriu os olhos estava bem: um milagre.
Muitos com o Santo na mão dançavam e proclamavam seus milagres... Por outro lado a festa envolve dinâmicas, logísticas, uma administração dos alimentos. A Tânia me contou que já teve festa de ter cerca de 7000 pessoas e dos donativos recebidos alimentou-se todas estas pessoas e ainda sobrou tantos que se formaram cestas básicas que foram doadas... Como explicar esta narrativa dentro do tecido que é a cidade? São fios fortes transgeracionais, a fé é perpassada no canto, não há a letra escrita de seus versos, mas todos cantam conhecem, há uma história oral cantada propagada no pé, nas mãos e no paladar...  

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