"Podemos, portanto, oscilar de um sentimento a outro: da consolação, que podemos sentir ao descobrir um parentesco entre o sentimento de ser lançado no mundo e o espetáculo do céu onde o tempo se mostra, à desolação, que renasce incessantemente pelo contraste entre a fragilidade da vida e a potência do tempo que mais destrói que qualquer outra coisa"
(Tempo e Narrativa - RICOEUR, vol. 3, p. 161)
Ontem uma questão sobressaltou alguns cidadãos piracaienses - a venda do casarão do Bata a um empresário. Interessante como uma questão revolve tantas outras... por mais que não se diga ou não se compreenda, afinal "o peixe é o que menos sabe d'agua" - a cidade é algo totalmente orgânico. Questões que vieram à tona por conta da transação a cima citada: a revisão do Plano diretor da cidade que, segundo os vereadores - foi cópia tal e qual do município de Salto - chegando ao ponto de copiar até o nome da cidade..., questões referente ao vandalismo com o patrimônio público, histórico e cultural... questões referentes ao direito à propriedade e se dispor dela... sustentabilidade, empregabilidade... urgência com alguns fatos. O distrito de Batatuba, considerado assim desde 1948, em sua maior extensão geográfica trata-se de uma Massa Falida, cujo termo legal foi fixado no dia 21 de outubro de 1982. Especulações de toda sorte permeiam o nome BATA - desde a grafia à questão de nacionalidade, judeu, alemã, tcheco... Ontem, logo após a sessão da câmara estive conversando com Fábio Rolfsen que concedeu que eu captasse um princípio da sua narrativa. Digo princípio porque a partir destes 20min de conversa muito há que se saber sobre Batatuba e seu fundador "Jan Antonin Bata" - muito para se conhecer sobre este Grande Empreendedor em: http://portotibirica.blogspot.com.br/2007/11/utopia-e-obra-de-jan-antonin-bata.html
Princípio também porque retornaremos... O Fábio logo mais dissertará em seu Trabalho de Conclusão de Curso de Arquitetura - sobre um projeto de escola para Batatuba. Do Fábio, soube também de uma arquiteta que está fazendo o mestrado dela unicamente sobre este bairro de Piracaia. O que me remeteu também ao livro do Norbert Elias - Os estabelecidos e os outsiders, cuja etnografia faz nos imaginar a criação de Batatuba inspirada nas vilas operárias inglesas.
fonte desconhecida |
Outro dia conversando com Vanderley, atual presidente da Câmara de vereadores, ele me contou que Jan idealizou estas casas estivessem voltadas à casa dele, de onde ele poderia observar os arcos - "Arcos do Sol" por onde uma massa branca formava pequenas ondas que remetiam-no às suas lembranças da cidade onde morava... da neve. Hoje este patrimônio que obedeceu a uma linguagem arquitetônica da época e perfeitamente dentro do ideal de seu empreendedor está sujeito às especulações diversas.
Mas a história segue... Em 2008, Jan teve seu nome reconhecido em sua terra natal...
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