sexta-feira, 25 de maio de 2012

R E P E T I Ç Ã O (mímesis?)

"A repetição é a transmissão explícita, ou seja, o retorno às possibilidades do ser-aí tendo-sido-aí" Ricouer citando Heidegger


Ptz grila!! quase um ano e NADA escrito... como seu eu passasse pelas pessoas e elas por mim sem nada me dizerem... Mas, nada escrito AQUI. Talvez porque o cotidiano com seu CUIDADO assim não me permitiu. A mim pesquisadora (será?) que sou, não o permitiu - imagine ao outro. Mas o que me difere do outro? o Ser-em-si e o Ser-com...

Hoje retomo este exercício/trabalho e vamos ver onde alcança...

Tenho passado as manhãs entre a Biblioteca e a Padaria e tanto cá como lá me encontro cercada de pessoas - atuais e virtuais. Também tenho me encontrado AINDA com Paul Ricoeur - agora no vol. 3 de sua obra Tempo e Narrativa. Particularmente, hoje me chamou a atenção para a diferença entre Historialidade e Historiografia e da primazia daquela sobre esta... Isto dará panos pra manga, hummm.

Os fatos narrados nascem de pontos de vista, de enquadramentos. Estes pontos de vista podem ou não estarem embasados em documentos oficiais. Mas a questão hoje levantada pelo Seu Dito e, em outras palavras... "será que os documentos oficiais também não pecam em seus registros?" Sabemos que, de acordo com a História do Conhecimento, muitos de seus registros foram forjados não na realidade mas de acordo com imaginários - mapas foram delineados e creditados nessa paisagem. A história e o historial se faz em dialeticamente e dialogicamente.

Em conversa com Seu Dito (pessoa responsável há pelo menos 13 anos pela Biblioteca Pública Municipal de Piracaia) - a história de Piracaia pode ser dividida em 4 períodos: 1. a Entrada da Bandeiras - aproximadamente em 1665 - época em que a região começou a ser explorada. Joanópolis é tão antiga que há fatos registrados desde 1700; 2. Período colonial; 3. Pós-Guerra e até mesmo a Quebra da Bolsa influenciou na história de Piracaia; 4. em 1970 a indústria de sapato e isso em 1990 acaba. "Hoje temos água, a paisagem, a mata Atlântica, ainda muito preservada. O acesso está facilitado, você tem todas as estradas que dão acesso à Cidade asfaltadas."
Quando eu questiono o Seu Dito sobre o por que as pessoas dizerem que conhecem Joanópolis e NÃO Piracaia ele responde com a história: "Joanópolis, há 40 anos investe na Cachoeira dos Pretos. Aquele jornal sensacionalista - aquele que se exprimia saia sangue... ele entrevistou algumas pessoas em Joanópolis e 'sensacionalizou' o lobisomem e além disso lá tem muita gente que tem dinheiro e compra terra em lá. Em Piracaia 70% da população é assalariada e 50% trabalha fora, isso é visível na cidade, não precisa de estatística, basta acordar cedo vai ver a quantidade de peruas, vans e carros saindo... Piracaia é quase uma cidade dormitório. Daí o turismo, como vai fazer turismo?? Sem sustentabilidade não há turismo. O Rio Cachoeira é um rio morto. Em Joanópolis é tudo limpo. Aqui há muita coisa pra ser resolvida... O Cruzeiro é uma peça; as barragens; o Vale Perdido que é o Atibainha Acima, é longe, mas é bonito pra caramba!"


"Arte na Roça" - no Atibainha Acima


A teoria não está distante da realidade... e a fala do Seu Dito corrobora com Paul Ricouer quando este em seus estudos sobre o Tempo e o Ser de Heidegger diz que: "Resta tudo por fazer para integrar esse passado indicado pelo vestígio ao ter-sido de uma comunidade de sina". (RICOEUR, 2010, v. 3, 134) Voltarei a questão do vestígio, da sina, da comunidade... estou me aquecendo...

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