quarta-feira, 6 de junho de 2012

história frágil (?)





"Podemos, portanto, oscilar de um sentimento a outro: da consolação, que podemos sentir ao descobrir um parentesco entre o sentimento de ser lançado no mundo e o espetáculo do céu onde o tempo se mostra, à desolação, que renasce incessantemente pelo contraste entre a fragilidade da vida e a potência do tempo que mais destrói que qualquer outra coisa" 

(Tempo e Narrativa - RICOEUR, vol. 3, p. 161)



Ontem uma questão sobressaltou alguns cidadãos piracaienses - a venda do casarão do Bata a um empresário. Interessante como uma questão revolve tantas outras... por mais que não se diga ou não se compreenda, afinal "o peixe é o que menos sabe d'agua" - a cidade é algo totalmente orgânico. Questões que vieram à tona por conta da transação a cima citada: a revisão do Plano diretor da cidade que, segundo os vereadores - foi cópia tal e qual do município de Salto - chegando ao ponto de copiar até o nome da cidade..., questões referente ao vandalismo com o patrimônio público, histórico e cultural... questões referentes ao direito à propriedade e se dispor dela... sustentabilidade, empregabilidade... urgência com alguns fatos. O distrito de Batatuba, considerado assim desde 1948, em sua maior extensão geográfica trata-se de uma Massa Falida, cujo termo legal foi fixado no dia 21 de outubro de 1982. Especulações de toda sorte permeiam o nome BATA - desde a grafia à questão de nacionalidade, judeu, alemã, tcheco... Ontem, logo após a sessão da câmara estive conversando com Fábio Rolfsen que concedeu que eu captasse um princípio da sua narrativa. Digo princípio porque a partir destes 20min de conversa muito há que se saber sobre Batatuba e seu fundador "Jan Antonin Bata" - muito para se conhecer sobre este Grande Empreendedor em: http://portotibirica.blogspot.com.br/2007/11/utopia-e-obra-de-jan-antonin-bata.html



Princípio também porque retornaremos... O Fábio logo mais dissertará em seu Trabalho de Conclusão de Curso de Arquitetura - sobre um projeto de escola para Batatuba. Do Fábio, soube também de uma arquiteta que está fazendo o mestrado dela unicamente sobre este bairro de Piracaia. O que me remeteu também ao livro do Norbert Elias - Os estabelecidos e os outsiders, cuja etnografia faz nos imaginar a criação de Batatuba inspirada nas vilas operárias inglesas. 
fonte desconhecida


Outro dia conversando com Vanderley, atual presidente da  Câmara de vereadores, ele me contou que Jan idealizou estas casas estivessem voltadas à casa dele, de onde ele poderia observar os arcos - "Arcos do  Sol" por onde uma massa branca formava   pequenas ondas que remetiam-no às suas lembranças da cidade onde morava... da neve. Hoje este patrimônio que obedeceu a uma linguagem arquitetônica da época e perfeitamente dentro do ideal de seu empreendedor está sujeito às especulações diversas. 
Mas a história segue... Em 2008, Jan teve seu nome reconhecido em sua terra natal...

"(...) Com efeito, é quando a continuidade da análise existencial é questionada que a historialidade se torna o ponto crítico de toda empresa. (...)" (Tempo e Narrativa - RICOEUR, vol. 3, p. 164)