segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cidades Mortas


Ele tinha aproximademente 9 anos e se dirigia ao setor de literatura para adultos. A bibliotecaria que não limitava o acesso aos diferentes acervos, observava de longe. Quando percebeu que o garoto não encontrava o que queria ofereceu-lhe ajuda questionando o que ele buscava. Ele então contou que sua amiga havia lhe dito que ali naquela estante tinha um livro que falava sobre Piracaia. A bibliotecaria, um pouco intrigada disse: “De Piracaia? Aqui? Tem certeza? – “Sim, é um livro do Monteiro Lobato?” Diante desta informação, ela ficou intrigada, mais ainda. Mas como não queria contrariar o menino... sugeriu que lhe fosse falando os títulos até chegar ao que ele procurava. E assim foi até dizer: “Cidades Mortas” e o menino responder: “É esse, é esse!” 

O que configura ou decreta o falecimento de uma cidade? A ausência de riqueza demonstrada em seus recursos e que providencia o seu desenvolvimento? A incapacidade ou ingerência de lidar com questões endógenas ou exógenas? Ou será que estas questões na verdade são apenas o reflexo do não se ver, do não se conhecer? Uma cidade que vela não se desvela. O tempo, do vulgar ao mais elaborado, requer um olhar, este por sua vez só é possível sob um prisma, um foco, uma luz.
Hoje comecei a ler, após 14 anos do fato narrado acima, "Cidades Mortas" de Monteiro Lobato, sei de antemão que trata-se de cidades que se viram arruinadas com a decadência da monocultura cafeeira. Sei também que Piracaia passou por esta crise. Mas se reergueu de alguma maneira. Quais serão os elementos pertinentes à uma cidade resiliente?
Será que Piracaia os têm? E se os têm, será que os conhece e sabe dispô-los?

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